Sobre ser/estar sozinha

Agora mesmo, eu estou sentada sozinha em um café em Budapeste. Eu não sei o nome deste lugar nem o que eu pedi para beber, exceto pelo garçom que acenou todo animado quando eu apontei pra alguma coisa no meio do cardápio, deve ser algo gostoso. Eu não tenho planos concretos para o resto do dia, ou, na verdade, para a semana, exceto pela vaga possibilidade de encontrar em Berlim umas australianas que conheci no couchsurfing e catar tudo que caiba dentro de 2 malas de 32kg pra entrar num avião. Eu estou aqui sozinha. Eu estou solitária. E eu também estou feliz.

A arte (e eu sei que é uma arte) de viajar sozinha é complicado. Todo mundo pergunta, “Você não prefere ir com alguém?” Sim, claro que eu prefiro. Mas precisa ser um certo tipo de pessoa. Não aquele tipo de pessoa que da um ataque quando o wifi do hotel não funciona. Não aquele tipo de “sabe-tudo” que age como um guia amador. Não aquele cara que você não esta apaixonada. Ou até mesmo aquele cara que começa cada frase com “se fosse no Brasil…” Pra mim, é melhor estar sozinha do que com esses tipos de pessoas. Certa vez, um desses namorados que eu aceitei compartilhar uma viagem, olhou pra um cara sozinho que tentava tirar uma foto com aqueles pau de selfies, apontou pra ele e disse: “olha você viajando”. Ri junto pra não deixar ele sobrando mas depois pensei: pelo menos ele ta ali curtindo a solidão dele e parece feliz e você que só ta aqui porque eu também estou? Esse tipo de pessoa.

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Claro, quando eu estou viajando sozinha, às vezes sinto um pouco de tristeza quando eu vejo um casal comprometido, como em um quadro perfeito, se beijando no meio da ponte. Eu gostaria de ter alguém para sempre tirar minhas fotos e ter um golden retriver feliz lambendo a água do chão entre os paralelepípedos da rua. Mas eu também sei que estar sozinha agora não quer dizer que eu serei sozinha para sempre. E, pra mim, esses momentos de solidão servem para me lembrar das minhas prioridades – e que as pessoas que eu quero na minha vida são aquelas que adoram cachorros retardados e estranhos – Por enquanto que eu estou feliz com a minha própria companhia, eu não quero ser solteira pra sempre, percebe a diferença?

Todos os dias da minha vida, a solidão aparece esporadicamente. Existe um pequeno espaço para ela entre meu trabalho, obrigações familiares, aula de spinning, os encontros pelo Tinder (quem nunca?) e o happy hour depois do trabalho… Mas quando você está viajando ela se transforma em uma ligeira dor como uma pancada que fica roxo e que é sensível ao toque. E sendo capaz de ver e sentir me faz perceber três coisas: Primeiro, eu consigo sobreviver sendo sozinha. Eu nunca serei do tipo de pessoa que entrará numa relação apenas porque eu não quero ficar sozinha. Segundo, mesmo sabendo que eu consigo, o mundo é melhor e mais iluminado quando você é cercado pelas pessoas que você ama. Terceiro? Quando você antecipa e aceita a solidão como uma inevitabilidade temporária você realmente aproveita-a.

A primeira vez que eu viajei completamente sozinha foi há algum tempo, quando eu estava indo acompanhar meu pai e meu irmão num congresso na Turquia, de lá eu organizei uma semana pela Itália, passando por Florença, Roma e a tão romântica Veneza. Na minha cabeça, eu imaginei uma versão cinematográfica da viagem, respirando aquele ar que parecia que entrava nos meus pulmões como um combustível que me dava vontade de viver, sabe? Comer, rezar a amar. Teve dias que eu não fiz absolutamente nada em Florença, só andei pelas ruelas e eu estava extremamente feliz, sozinha. A viagem mexeu freneticamente comigo, eu determinei apenas o possível para cada dia.

Esses dois anos e meio sem ter algo que me faça me sentir em casa, foi que eu senti a solidão batendo forte pela primeira vez. Às vezes ela doía, às vezes ela me dava uma sensação incrível de paz. O meu quarto era/foi meu melhor refúgio quando a paz chegava, porém quantas vezes tive medo de entrar nele e me afundar em tristeza? Lembrei que uma vez em Paris, depois de um redemoinho de problemas eu acabei a noite numa festa na casa de um amigo de um conhecido. Ali eu estava bebendo vinho e acabei numa conversa com um dos convidados que estava perto de mim. A gente conversou, bebeu e aí não sei como a gente terminou a noite brigando. Eu não lembro o teor da conversa – talvez tenha sido sobre racismo – mas eu sei que eu comecei a chorar e me desesperei quando vi o meu conhecido dando um soco na cara do cara. Eu deixei o local quase expulsa e voltei pra casa sozinha e exausta. Era como se eu tivesse tido um relacionamento the flash, com um encontro e um término logo em seguida. E de repente eu me senti mais solitária do que nunca, cheguei em casa, fechei a porta do quarto e deitei no chão olhando pra um teto manchado de sei lá o que.

A solidão também já me deu dias maravilhosos como um que envolveu uma aula de Yoga com minha amiga indiana no parque. Voltei com passos lentos pra casa, toda suada, mochila e chinelos. Eu sentei num banco de uma praça, bebendo água e vendo jovens famílias andando por lá, passei umas 2h só observando e quase que saboreando aquele silêncio em mim. Depois eu fui fazendo meu caminho através das multidões perto da Bastille. E finalmente, eu cheguei ao meu apartamento, onde eu dormi com a soirée que vinha do apartamento de baixo. Eu não tinha falado com ninguém praticamente o dia inteiro, mas eu não me sentia triste. Ao invés disso, eu me sentia privilegiada em poder observar o mundo ao meu redor (em Paris!)- que acontecida sem minha presença – e conseguir me perder totalmente em mim mesmo. Eu era capaz de fazer o que quisesse, quando eu quisesse. Eu estava sozinha, sim, mas também estava feliz. Outro dia perguntei para uma amiga que viajava pela Tailândia se ela tava lá sozinha e ela me respondeu: “E quem acompanha?” seguida de uma longa risada. É verdade, saber que a gente só tem uma vida e esperar ter alguém do lado pra aproveita-la é um dos erros mais grotesco que uma pessoa pode cometer.

Para ser honesta, eu não sei o que irá acontecer nos próximos 10 dias que eu ainda tenho na Europa. Talvez eu me apaixonaria. Talvez eu faria novos amigos. Talvez eu acabaria chorando, sozinha em alguma bar. Eu sei, com certeza me sentira solitária, como agora.  E eu sei, que mesmo assim, está tudo bem.

“Quanto mais forte for um homem, mais ele estará sozinho – é uma questão de matemática. E se tiver que passar a vida em hospícios ou em fábricas de aviões, isso em nada alterará sua dor… ou sua grandeza.”

Um alô da Escócia

Primeiramente, oi gente.

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Eu ando muito sumida desse blog mas deixa eu contar… Apesar nas inúmeras viagens e parecer sempre feliz em todas elas eu andava muito deprimida. Perdi 7kg, tomei calmantes e remédios pra dormir :( eu não sabia o que estava acontecendo comigo, a solidão que eu sentia era um desconfortável som surdo que preenchia meus dias. Eu sabia que se eu não reagisse, algo de ruim poderia acontecer e foi assim: quero viajar todos os finais de semana daqui pra frente” pra tentar me sentir viva de novo e assim achei uma passagem de ida e volta pra Edinburgh por 20€, fui presenteada com um feriado na sexta feira justamente nestas datas, não dava pra pensar duas vezes, passagem comprada. Era agosto, o mês mais longo do ano.

Parecia que um caminhão de areia tinha virado em cima de mim, o mínimo esforço de levantar, tomar um banho e limpar toda aquela bagunça era difícil demais… mais uma vez eu estava afundada em tristezas chamada vida. Mas ela mesmo foi acontecendo e sempre me repetia: keep walking. Eu precisava decidir: volto ou não pro BR? Não aguento passar por isso de novo sozinha. Preciso de um novo emprego, uma nova casa, novos projetos. Meu Deus como eu precisava voltar a respirar! Apenas viajar não seria o suficiente, eu estava em pedaços. E aí respirei fundo e tomei a decisão que aos olhos dos outros parecia a mais estúpida: sim, vou trocar Paris por São Paulo, como? Não sei. 

Em uma publicação no FB eu vi uma vaga pra trabalhar remoto, eu já tinha um emprego aqui mas precisava de mais. Me joguei, de gaiata mesmo, me ofereci e sem saber ao menos o que eu tava fazendo, fui aceita… eu começava a voltar a respirar. Sabe aquilo de ‘cabeça vazia oficina do diabo?’ Procurei ocupar minha mente. E aí, Deus reservou uma data especial na vida do meu irmão. Ele iria casar justamente na época que eu precisava de um tempo desta tarefa bizarra que é morar sozinha num lugar estranho. Eu acho genial estes quebra-cabeças de Deus, no fim tudo se encaixa. Eu já tinha resolvido ficar mais 2 semanas de férias em São Paulo mesmo com meu relacionamento já arruinado mas não era ele que iria me salvar de uma lama que só me puxava pra baixo, naquele momento o caminhão de areia já estava virado me sufocando, o relacionamento só veio pra tacar água em cima e virar areia movediça.

Embarquei pro Brasil, respirei… recebi os abraços que tanto me fizeram falta, que só de lembrar faz meus olhos encherem de lágrimas. Era isso! Era isso que eu mais precisava agora, alguns abraços e vários sorrisos. Se você não sabe que sensação é essa, talvez você os tenha demais. Meu coração sabia: eu não estava sendo estúpida em voltar pra casa. São Paulo não seria minha casa, mas será o mais próximo do que eu procuro hoje: amor.

Aquele trabalho remoto (que se tornou 2, depois 3 e 4 haha), os amigos que eu nem sabia que tinha em São Paulo, algumas coxinhas na padaria, a ponte aérea pro Rio, o mesmo fuso horário dos meus pais,  tudo isso… me encheu de vida. Não bastasse tudo, Deus ainda me deu uma entrevista e uma proposta justo na semana que eu estaria por lá. WHAT? Que quebra-cabeça maravilhosominha cabeça explodia de ideias, meu Deus como isso me encheu os pulmões!

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recado da equipe e-dublin pra mim <3

2 meses depois, naquela mesma sexta feira de feriado eu tive a surpresa de adicionar mais um destino, Dublin e Edinburgh no mesmo final de semana… eu estava em êxtase. Me senti com 19 anos de novo naquela rodoviária fedida de Recife. E cá estou eu, num café em Edinburgh, sozinha, escrevendo este texto, sem saber como vai ser quando eu deixar pra trás todo esse frio em alguns dias, viver sem estes finais de semana ali no país vizinho, sem esta segurança da rua às 3h da manhã,  sem estes preços justos e o poder de compra que me faz dormir tranquila toda noite sem nenhum boleto vencido na gaveta. Por mais que todos me digam que o Brasil ta uma merda, o amor ta aí minha gente, é só disso que eu preciso agora. Brasil, eu não sei como vai ser, mas to ansiosa pra descobrir e eu sei, vai ser sensacional, tem que ser.

E é isso, estou voltando :) Eu senti que precisava compartilhar isso aqui. Eu acho que não há nada melhor que perceber que há dias de merda e ha dias maravilhosos.. e isso é a vida.

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Btw, Edimburgh é linda… e será sempre lembrada por este momento tão cheio de dúvidas e incertezas da vida, andar por essas ruas e escutar a gaita de fole escocesa fez meu coração vibrar, como os meus 19 anos na rodoviária de Recife! ♥

avante :)

Até quando terei que me despedir das pessoas?

Essa foi uma frase que eu disse aos prantos pra uma amiga que estava do outro lado do oceano escutando meus 120 áudios do whatsapp.

É muito difícil se despedir de alguém e mesmo que essa pessoa não necessariamente morra, no meu caso eu sei que muita gente que conheci nessa vida eu provavelmente nunca mais irei ver novamente. De certa forma aquela pessoa que você conheceu em um determinado momento “morreu” na sua vida. Pra mim que muda de cidade a cada 2 anos (não sei qual é o meu problema, to na terapia pra descobrir), aquilo de cruzar no supermercado com um ex colega de classe por exemplo é algo praticamente impossível. Pra exemplificar:

Quando estudei inglês no Canadá, tive um flatmate sul-coreano que todo dia na hora do jantar me contava que o sonho da vida dele era ser político e certa noite ele chegou bêbado em casa depois de uma visita a uma fábrica de cerveja organizada pela escola me falando que seria presidente. O nome dele era Han e eu lembro como ele me fazia rir e salvava minha vida sempre quando eu chegava tarde em casa e a dona do apartamento me trancava do lado de fora. Han fez parte de um pedaço muito importante da minha vida, meu intercâmbio. Naquele tempo, eu lembro que peguei o email dele pra manter contato… mas acho que anotei o email errado e nunca mais conseguir contacta-lo. Han “morreu” na minha vida e hoje ele existe como um personagem na minha memória. Ele foi apenas um, mas quantos tantos eu conheci em Vancouver que se perderam no tempo? (e no espaço) E muito bizarro como tanta gente que é tão importante pra você hoje amanhã pode não ser? Isso não mexe com a cabeça de vocês não? eu fico doidinha :(

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Han e sua garrafa de 51 que a gente deu de presente pra ele haha

E assim foi sendo nessas minhas mudanças de cidade… é muito difícil com o rumo da vida manter contato constante com aquelas pessoas, mas Deus abençoe a internet! Ainda hoje tenho alguns poucos updates da vida de um outro coreano que me dizia que era sobrinho do Kim Jong-un e que estava no Canadá para uma missão secreta haha ou daquela amiga de adolescência que comemora o aniversário de 7 anos da filha mais velha. Esses updates são bons, mas e aqueles que te machucam?

Numa dessas tristezas da vida escutei de um conhecido: “rebecca, ninguém é insubstituível” eu preferia que ele tivesse jogado uma paralelepípedo na minha fuça do que ter que escutar aquilo… será mesmo? :( Quero acreditar que não, meu pai nunca será substituido por outra pessoa, meu ex namorado que me chifrou nunca vai ser substituido por outra pessoa… cada um tem seu papel na vida de alguém, cabe a eles desempenharem da maneira que me dê duas opções: saudade ou alívio.

Muitas lembranças me faz ter um sorriso no rosto, outras faz o meu coração doer. Doer porque foi bom demais e eu tenho a plena consciência que não vai mais se repetir… Quando a gente se despede acho que é isso que acontece com a gente, a gente sabe que ta dizendo adeus pra uma fase de nossa vida que não vai voltar e o coração dói.  Eu confesso que mesmo tirando tantas fotos, eu evito olhar pra fotos antigas. Até posts antigos eu evito reler, me faz mal saber o quanto eu fui feliz.. não sei explicar. Preciso me tratar?

Chorar em transportes públicos é só para os fortes. Esconder as lágrimas daqueles olhares de pena/julgamento é uma humilhação que quando a gente ta triste, nem liga… mas da vontade de gritar EU TO INDO EMBORA E DEIXANDO MEU CORAÇÃO ALI SABE? OLHA PRO TEU LADO E FICA FELIZ PORQUE O TEU TA AÍ DO TEU LADINHO E ME DEIXA CHORAR EM PAZ :(

achei essa foto perdida no meu iphone e achei pertinente... essa sou eu em algum momento de despedida dolorosa da minha vida.

achei essa foto perdida no meu iphone e achei pertinente… essa sou eu em algum momento de despedida dolorosa da minha vida.

E daí que eu deixo o coração ali e vou embora… e fico me perguntando o trajeto inteiro: em busca do que? Se sem coração a gente não vive? A gente tenta ser forte, tenta colocar na cabeça que “tried to keep you close to me. But life got in between” c’est la vie… sabe? acontece… Mas é muito ruim se contentar que vida entrou de gaiata no meio e é isso, engole o choro. Eu sempre quero ir contra a maré quando eu acredito que vale a pena, tento me dividir em 2 mundos… Não sei vocês mas eu não consigo ser duas em dois lugares ao mesmo tempo. E quando o esforço é tanto e o retorno é mínimo a gente se entristece e se encolhe no canto e enfia na cabeça que a gente não pode se sentir mal porque ta fazendo coisas que é melhor pra gente. É preciso escolher fazer parte de um só e esses últimos dias eu vi que eu precisava escolher um só e escolhi.

Aprendi que morre um pedaço de nós quando dizemos adeus a alguém e nasce um pedaço das pessoas em nós quando dizemos adeus, é um ciclo sem fim… um ciclo que machuca tanto que a gente cansa até de sofrer.

Já dizia Oasis né? How many special people change?

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O (meu) lado B de quem mora fora

Um curiosidade universal: como foi que eu criei coragem para morar fora.

A verdade universal: Não sabendo que seria tão difícil, foi lá e fez.

Essa semana eu recebi uma mensagem: “adoro suas postagens, você vive uma vida de novela”. Muita gente fantasia demais quando descobrem que eu moro em Paris, juram que eu vivo um sonho (sim, às vezes até eu acredito nisso) mas morar no exterior tá longe de ser sonho, é uma realidade tão crua mas que eu aconselho a qualquer um, em qualquer idade ou fase, experimentar uma vez na vida. Tempo mínimo? 6 meses.  

Por que 6 meses? Porque é o tempo necessário, na minha opinião, que demanda pra você se dar conta que não está de férias. Alugar um apartamento, pagar contas, ir ao médico, fazer amigos (ou sofrer porque não fez nenhum) e principalmente, tratar do visto. Depois do 3º mês, você precisa de autorização para permanecer no país e aí meu querido, o teste de realidade começa na vera . Então se você pensa que morar na Europa, especialmente na França, vai tornar sua vida mais fácil e chiquérrima, eu resolvi contar o meu lado B, aquele que muita gente não vê então presta atenção no que eu vou te contar, baixa aí o volume da TV.

Sabe que nem todas as coisas aqui são tão avançadas assim? Acredita que o sistema bancário francês é um dos mais atrasados do mundo? Aquela compra no débito que você fez no final de semana só vai sair da sua conta na terça (porque na segunda alguns bancos não abrem), o processo é manual. Transferir dinheiro? mesma coisa, nada é automático. E se você quiser depositar aquele dinheirinho que você guardava debaixo do colchão mas sua agência fica em outra cidade, você precisa mandar o dinheiro PELOS CORREIOS.  O sistema de saúde também é bem marromeno, ninguém faz preventivo de nada… a gente precisa implorar pro médico pra ele te passar um exame de sangue e se você tiver um “plano de saúde” você precisa primeiro pagar ao médico e pedir reembolso de cada consulta que você for… pelos correios também. O mêtro também é cheio e você anda em pé, ele para do nada… pode acontecer dele ter até bomba e matar todo mundo, haha. Nada é tão maravilhoso nem moderno assim.

Morar em outro lugar pra aprender a língua é maravilhoso, mas se o seu aprendizado não é suficiente para resolver papeladas administrativas (com exceção de programas de intercâmbio que te dá tudo de mão beijada), você tem duas opções: ser muito paciente e às vezes até submisso ou voltar pro seu país. O setor administrativo francês tem fama de mal amado, as pessoas que trabalham lá claramente odeiam seus trabalhos e tratam todo e qualquer estrangeiro como bicho. Eles não respeitam que você ainda está desenvolvendo o idioma nem o seu sotaque. Mas eu como nasci no interior da Paraíba e tenho sangue de seu lunga, sempre fico extremamente contrariada quando me tratam mal e eu não sei responder à altura. Eles não fazem o menor esforço pra te ajudar. Acostume-se. Mesmo que você fale francês fluente, você sempre terá um sotaque que te denuncia e será uma figura flutuante em certos assuntos. Exemplo: Sempre na hora do almoço a galera do escritório assistia um programa chamado Le Petit Journal, que é tipo um CQC da vida. Eu até entendo o francês mas não entendo a piada intrínseca ali porque simplesmente não sou daqui. A sensação de não conseguir me expressar como eu exatamente quero é uma das mais frustrantes da vida, esses dias passei 15 minutos pensando como se fala implicância (de implicar com alguém sabe? arengar como diz no nordeste) e num foi em francês não, foi em inglês mesmo, e não saia de jeito nenhum. Você se sente bem perdido e é bem desanimador… Mas a gente aprende a engolir o choro e ter fé QUE UM DIA SAI e se eu soubesse que idioma não se aprende por osmose talvez jamais teria coragem de morar fora.

A saudade vai ser uma palavra que você vai digitar/falar milhares de vezes. De pessoas, do clima, do humor, da comida,  do idioma e das havaianas. Seus pensamentos em português serão sua única companhia por muito tempo, poréééém se você decide morar fora com seu marido/namorado, vai em frente amiga, um segura as crises do outro porque sozinha a coisa é braba. Se a gente tá doente, a gente que precisa levantar e catar um remédio. Se não deu tempo de ir no mercado, a gente que passa fome. Se não lavou a roupa no final de semana, a gente que fica com o casaco fedido o resto da semana. Se você morreu ninguém do outro lado do Atlântico vai saber nem tão cedo haha até pra morrer! Ninguém vai fazer nada por você… você precisa de você e essa é uma das lições mais valiosas da vida. Se eu soubesse que iria precisar tanto de mim, talvez jamais teria coragem de morar fora.

Ser extremamente qualificada não te abrirá portas facilmente. Seu diploma aqui não vale muita coisa (com exceção da galera do TI, invejo todos vocês), suas experiências talvez. E você é obrigado a dar uns 3 passos pra trás pra ser inserida no mundo profissional deles e aí sim mostrar que a educação e toda bagagem profissional brasileira consegue ser até melhor que a deles mas pra isso você precisa engolir o seu orgulho, ter chefes mais novos que você e ganhar a mesma coisa que o seu colega do lado que tem 22 anos. Isso te faz pensar o que deve passar o estrangeiro que chega aqui no lema do “seja o que Deus quiser”, sem visto, sem nada e te dá motivos de agradecer a Deus que mesmo nessas circunstâncias, digamos, “desfavoráveis”, eu ainda estou sentada numa sala com ar condicionado, pagando impostos como todo cidadão francês.

As leis e os direitos do novo país é uma incógnita. Você só sabe que não deve atravessar a rua fora da faixa de pedrestres e… só. A gente não sabe se tem 13º terceiro pra receber, se pode trabalhar 45h semanais, se pode ter redução de salário.. você nem carteira de trabalho tem. Você não sabe se pode rescindir contrato até porque, ler um é uma tarefa pra o google, não sua. Você perde muito dinheiro podendo pedir reembolso de coisas que você não gostou e quer devolver porque simplesmente não sabia que era possível devolve-lo. Não tem SUS, então você não sabe se sofrer um acidente, quem vai te socorrer… o Chapolin. Você fica que nem o John travolta perdido porque mesmo nas repartições públicas cada um que diga uma coisa EAIMEUDEUSDOCEU! É como crescer de novo… tudo é novo, tudo precisa ser reaprendido e às vezes se torna um exercício extremamente cansativo.

Resumindo: Por trás daquela foto da Torre Eiffel, tem a gente com 3 malas fazendo a mudança de busão. Tem que sair de casa num frio de -2 pra fazer compras de supermercado a pé e voltar com uma mochila e 2 sacolas penduradas em você, tem que acordar cedo pra trabalhar 8h por dia, tem que comer comida que você nunca viu na vida e que parece boa mas na verdade é horrível e você pagou 10€ nela, tem gente falando com você e você balançando a cabeça sem saber se ela ta te esculhambando ou te perguntando algo. Tem a gente concordando com tantas coisas que a gente nem queria fazer mas topou sem saber do que se tratava.

Morar forar é como subir uma montanha super alta, se arranhar todo, tacar uma bandeira no topo com uma sensação de conquista, apreciar a vista, tirar foto da vista e postar no facebook (e as pessoas só veem aquela foto lindérrima. E na verdade quando a gente descobre tudo isso a vontade que dá é de: voltar pra casa. Morar fora sempre vai ser a sua atividade. “ah, o que ela faz? ela mora fora” E aí você se pergunta onde é a sua casa onde você finalmente possa fazer o que você faz, ser quem você é, falar do jeito que você sempre falou.

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E fim, morreu maria preá.

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Viajando sozinha

Quando comecei a viajar sozinha não tinha em mente que seria perigoso, não tinha em mente que “meninas não faziam isso sozinhas” nem nunca passou pela minha cabeça que seria menos divertido estando só. Na verdade eu comecei a viajar sozinha por falta de opção mesmo… poucos pais no começo dos anos 2000 deixavam uma adolescente de 14 anos pegar um ônibus intermunicipal sozinha, então nenhuma amiga era autorizada a ir na minha onda e foi algo natural, que fui desenvolvendo aos poucos e, eu devo muito aos meus pais, por me deixarem livre pra descobrir o mundo, mesmo que sozinha (ou até melhor que sozinha).

Viajar sozinha não deveria te provocar medo porém eu sei que esse medo é imposto por perguntas do tipo “mas você vai sozinha? não tem medo?” não. Meu pai sempre me dizia: não sabendo que era impossível, foi lá e fez.  O medo trava muita gente e as fazem não irem explorar lugares que você só escuta falar… um exemplo? Tem gente desistindo de ir à Paris por medo de atentado terrorista. Se a gente for pôr isso na ponta do lápis é mais fácil a gente morrer em um assalto na esquina de casa do que um atentado terrorista em Paris. Tô mentindo?

Viajar sozinha nem sempre é uma experiência de descoberta, nem sempre é uma atitude que toda mulher tem que ter uma vez na vida pra se descobrir. A gente se descobre diariamente, sabe? Estes dias, eu descobri que eu faço uma feijoada maravilhosa, que eu consigo segurar o choro no trabalho e que eu consigo abrir uma conta bancária em francês… não vai ser uma viagem que vai te fazer se descobrir por inteiro, mas uma coisa é certa: ela vai te fazer entender o que você precisa pra se sentir completa. No meu caso eu descobri que o mundo ta aí e eu não posso esperar que alguém se sinta apto a descobri-lo junto comigo porque simplesmente esse alguém pode não chegar… vou passar a vida toda sonhando em viajar? Eu, hein.

O que eu quero dizer é que sentir medo é normal, mas não pode ser fator determinante nessa história. Muito fatores influenciam esse medo e você deve analisá-los com a maior imparcialidade possível, conversar com pessoas que já foram, pesquisar em blogs de viagem, ver vídeos e saber que algo pode acontecer com você sozinha ou em grupos como foi meu caso no Marrocos. Merda acontece sempre, em todo lugar, amiga. Segura na mão de Deus e vai. E claro, sua primeira experiência sozinha não vai ser viajando pro Irã, né? Vamos com calma, eu comecei pela Itália, você daí do Brasil pode começar por Buenos Aires, ou até pela cidade turística mais próxima.  E se quiser saber, eu já viajei muito por um país bem conhecido por ser perigoso… o Brasil. Txaram!

Hoje de fato viajo principalmente pela Europa, porque é onde eu moro, e a gente tem a sensação de ser mais segura viajando sozinha, né? Mas muita gente sabe o que me aconteceu em Amsterdam (Primeira parte aqui). Então de novo, a insegurança, sozinha ou não, existe em QUALQUER LUGAR, colega.

pareço sozinha nessa foto?

pareço sozinha nessa foto? foi em Amstedam.

Mas e aí? viajar sozinha não tem que ter necessariamente aquele esteriótipo de viajante que usa roupa indiana, sem maquiagem, uns dreads e com um mochilona nas costas pedindo carona na estrada. Sou metade mochileira, metade jetsetteeerrr hahaha Gosto de conforto e privacidade pagando mais barato. Fico quase sempre em hostel mas aprendi que não adianta pagar 10€ por uma noite e dormir mal pra caramba. Existem hostéis de 25€ que te proporcionam um conforto digno de hotel. Carona dá pra pegar com horário e local marcados, pagando bem pouco (praticamente dividindo a gasolina, existem app pra isso), e a privacidade? Existe também… muitos hostels colocam cortinas nas camas e banheiros dentro dos quartos. Não carrego mochila porque eu acho que dá muito mais trabalho que arrastar uma mala de rodinha e eu nunca viajo mais de 15 dias por vários motivos:

  • Cansa

Quando viajamos  a gente pensa que é pra descansar mas a gente bem sabe os 8km que a gente anda diariamente pra conhecer de cabo a rabo uma cidade usando aquele tênis de academia maravilhoso, né?

  • Lavar roupa

Principalmente quando é calor você acaba sujando muita roupa e perder um dia de férias pra ir na lavanderia não é lá um programa que a gente espera né? roupa para 15 dias, o suficiente.

  • A mala fica grande

Por mais que você não leve quase nada pode ter certeza que você vai voltar com quase tudo. É sempre uma lembrancinha aqui, outra ali… uma brusinha, uma maquilagi etc. A mala acaba ficando pesadíssima e eu já dei um jeito nas costas colocando a mala numa balança de aeroporto #idosinha.

Sobre hospedagens: Eu não faço Couchsurfing (aquelas parada que você fica de graça na casa das pessoas sabe?), prefiro pagar, no caso prefiro Airbnb. Eu só dormi na casa de estranhos uma única vez e foi uma experiência maravilhosa, diga-se de passagem… mas não faz meu tipo. Não me sinto bem ficando de graça na casa de ninguém, sempre acho que to incomodando… fico desconfortável, não faz meu tipo de verdade. Porém eu já tive companhias que conheci no Couchsurfing e que foram meu guias pela cidade, isso aconteceu em Milão e em Lyon. Pessoas locais que tiraram o seu dia pra passear comigo :) Foi ótimo e se você consegue marcar um encontro no Tinder, consegue facilmente ir passear com alguém do Couchsurfing, tá migs? hahaha e melhor, sem segundas intenções! Também tem outra opção se você cansar da solidão: walk tours, bike tours e pub crawl :) Eu fiz um pub crawl em Dublin e conheci duas meninas que me acompanharam o resto da viagem, tornou-a mais divertida, de fato. E o mais legal é que quando a gente  conhece estranhos em viagens a gente não tem aqueeeeeeeeeeela obrigação de fazer tudo junto sabe? Mas também se tiver afim, são pessoas que viram seus amigos até depois da viagem. Uma das meninas de Dublin mora em São Paulo e acabou levando um presente que eu tinha comprado pro meu namorado e entregou a ele via motoboy hahaha ♥

Falando em segundas intenções, viajar sozinha a gente já pensa nas possibilidades de  sofrer assédio… é a realidade, ele ta por todo canto… no Chile um funcionário de um supermercado se abaixou pra pegar um produto e tirou foto das minhas pernas, num portunhol bem porco eu peguei o celular dele, taquei no chão e disse: SE VOCÊ NÃO APAGAR A FOTO, EU APAGO VOCÊ. (ui perigosa!) Imediatamente ele apagou e me pediu desculpas… e eu não estava sozinha, estava com toda a minha família que quis chamar o gerente e fazer aquele auê, claro. Muito destes homens não esperam atitudes assim e por isso fazem este tipo de palhaçada… mas nem sempre é seguro fazer isso, a gente sabe. Mas de duas uma… ou você impõe respeito e vê o que acontece ou cala-se e vai pra casa sentindo-se um lixinho :( Eu sou desbocada mesmo e se você ta enfrentando o seu medo de viajar sozinha, você já enfrentou a você mesmo nessa história. Nunca se cale, combinado? Sempre vai ter alguém pra te ajudar, acredite… Ainda existe seres humanos bons por aí! :)

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eu neném em algum lugar do Chile em 2009

E viajar sem falar o idioma do local é arriscado? é, mas não é tão primordial, ninguém deixa de ir pra Paris porque não fala francês, né? A gente se vira no inglês SEMPRE. Não venham me dizer que pode ser divertido sair por aí se comunicando por meio de mímicas que não é… haha quando a coisa pega o que você mais quer é explicar exatamente o que aconteceu pra conseguir a solução o mais rápido possível. Inglês é básico, se você não tem… ainda não tá na hora de viajar sozinha por países desconhecidos. Falo isso do fundo do meu coração, a única pessoa que pode “te defender” é você mesmo. E se você já tem medo de estar ali sozinha, imagina tá sozinha e analfabeta? haha. Se não tem o inglês, antes de viajar pratique um pouco… o básico pelo menos. Existe “N” aplicativos que te ajudam a desenvolver a língua sem sofrimento :) Duolingo é um deles! E se você vai pra países sulamericanos, relaxa! Portunhol é vida ♥

Última e mais essencial dica é: sempre que for viajar, mudar de hotel ou cidade… avisem aos familiares. Além de deixar todo mundo tranquilo, caso algo aconteça eles sabem ontem te encontrar (viva ou morta) TO BRINCANDOOOO hahahaha relaxa vai dar tudo certo!

Viajar sozinha não é muito diferente que ir almoçar sozinha num restaurante, ir no shopping sozinha pra fazer compras, dormir sozinha no quarto… tá? O que muda é o garçom, são as lojas e os lençóis. O que muda em você é a capacidade de se reconhecer capaz de fazer tanta coisa que talvez você dentro do seu mundinho jamais saberia que seria capaz. O que muda em viajar sozinha é a conta bancária que fica mais magrinha, de fato, mas uma vida tão repleta de histórias que não existe blog nenhum capaz de reuni-las.

Já parou pra pensar o que você vai contar pros seus netos?

:)

se joga mulher!

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Viaje sem culpa – volte sem nada

Eu tenho uma conhecida na internet que acompanho nas redes sociais há mais ou menos dois anos. Ela é uma garota legal e inteligente que escreve em um blog e recentemente decidiu voltar para a Europa para fazer um mestrado em uma área que, por muitas razões, provavelmente não irá guiá-la a um grande emprego. E ela sabe disso, acredito, porque fala mais sobre isso como “uma oportunidade para aprender e expandir a mente” do que uma preparação para uma futura carreira. O que é bom, mas a verdade é que ela pode aproveitar esse tipo de liberdade — ser como uma andarilha que ama viajar, estudar pelo prazer de estudar e de ter longas conversas em bons jantares — porque ela vem de uma família que tem dinheiro e, se não totalmente subsidiada, nunca teve que se preocupar com sua segurança no futuro. Ela ganhou uma espécie de loteria genética, e é inútil invejar a liberdade que o destino a concedeu.

Como não se identificar com esse tipo de julgamento? alô alô minha Campina Grande!

Um vez, entre as férias de final de ano e um curso de férias em janeiro, eu decidi que iria usar esse intervalo de tempo para percorrer o trajeto da cidade onde eu morava até a cidade onde seria o curso, de trem, parando nas principais cidades. Em 1 semana visitei 3 cidades sensacionais, fazendo o mesmo trajeto que eu faria em 4h de trem em um único dia. O que eu fiz? Uni o útil ao agradavel… Na minha cabeça isso é tão óbvio mas depois de me deparar com cursos sobre “como planejar uma viagem” (e ter alunos) eu percebi que isso não é tão obvio pra muita gente. Pessoas observam a vida de quem sabe otimizar tempo e dinheiro como uma pessoa que não tem preocupação nenhuma na vida além de ~curtir a vida~. Esses dias, uma das minhas fotos postadas no facebook, um conhecido postou: Eu queria viver viajando que nem tu. Eu posso ser muito sensível mas eu entendi isso como um:  “ela vive assim porque ela vem de uma família que tem dinheiro e, se não totalmente subsidiada, nunca teve que se preocupar com sua segurança no futuro. Ela ganhou uma espécie de loteria genética, e é inútil invejar a liberdade que o destino a concedeu:(

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As vezes me sinto na responsabilidade de tentar não alimentar essa ideia de que precisa ser completamente irresponsável pra ter uma vida ao redor do mundo porque mesmo se você é rica pra cacete minha kirida isso não te da motivos para NÃO trabalhar, NÃO estudar ou NÃO pensar que a fonte tem que ser alimentada todo mês, porque de inútil ja basta a nossa câmara dos deputados.

E a gente se depara com muito blog de viagem por essa internet que conta a historia de pessoas “inspiradoras” que deixaram o emprego que odiavam para viajar o mundo, incentivando pessoas a fazerem o mesmo sem destacarem que por tras dessa “largada de vida” houve todo um planejamento financeiro para que isso ocorresse. Gente, ninguém vive de ar. Essas pessoas (ou eu também) passam a viver de sonhos: o de vocês (ou o meu também) que entra no blog dessa galera pra acompanhar suas vidas espetaculares e acabam gerando renda para que elas continuem a ter uma vida espetacular, simples assim. Essa galera (ou eu também) vira noites escrevendo textos, editando fotos e vídeos pra transformar sua expectativa em realidade, com informações bem relevantes que nenhum guia turístico poderia te dar. Nos ajudem, parem de pensar que todo blog de viagem é feito por uma pessoa que não faz nada da vida. Ninguém, responsável o suficiente, “larga tudo na vida” e sair por aí videndolavidaloka. Tudo precisa de um planejamento, nem que o planejamento seja: tenho R$100 pra comer, vou de carona até machu pichu, lá eu arrumo um emprego penteando lhamas, faço muitos amigos e me sinto completo. Cada um tem um pré-projeto de vida, cabe a você criá-lo e colocá-lo em prática,  mas planejar é preciso!

E o mais importante: não é porque fulana vive viajando que ela é melhor ou mais feliz que você que estagia desde do 2 período, se formou com muita dificuldade e vive pedindo a Deus que o mês acabe porque o salário ta ali, na beirinha do abismo. Inclusive eu digo mais, eu INVEJO MUITO essa galera de 22 anos que teve mais empregos do que eu e digo mais ainda, essa pessoas muito provavelmente vão ocupar lugares nos quais eu um dia desejei estar e nunca consegui. A vida é feita de escolhas, amores, as minhas nem sempre foram as mais corretas porém me ensinaram demais. Viajar é maravilhoso te abre a mente, te ensina pra caramba, te prepara pra vida mas qual emprego nessa vida não faz o mesmo?

Hoje esse blog existe para de tentar mostrar as pessoas que é possivel sim viajar tendo um emprego fixo ou fazendo um mestrado. É possivel viajar por 4 dias na normandia gastando so 120€ ou conhecer a Riviera Francesa no busão de 1,50€. É possivel conhecer Londres ficando em hosteis podres, é possivel conhecer o mundo de tanta forma! Gente, é possivel morar em Paris sem morar em Paris hahaha prazer, eu.

Sim, eu vendi tudo quando decidi sair do Brasil num caminho quase sem volta, mas vendi porque essas coisas não teriam uso estando elas lá e eu cá, o dinheiro sim teve uso. Viajar o mundo todo não é meu sonho, nunca foi e talvez nunca será, mas é através do meu sonho que eu quero viajar o mundo. Entendem a diferença? Então continuem conquistando o seu espaço, trabalhem/estudem muito porque vale a pena! :) ~clichêzona~ Seja este trabalho por trás de um blog ou de uma obra, vá conhecendo esse mundo que é enorme e com fé em Deus ainda viveremos muitos anos para vê-lo, afinal, a vida não acaba com 25 anos ta? Ela começa.

Beijos empolgados de quem ama viver…

Rebecca.

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Paris, 16 de novembro de 2015

Hoje poderia ser mais uma segunda feira que eu acordaria com dificuldade de abrir os olhos por ter ido dormir tarde demais na noite anterior depois de uma viagem sensacional que fiz no final de semana. Ao sair do metro, estaria no centro de Paris e iria sorrir completamente apaixonada pelo o que a vida me trouxe.

Mas hoje a cidade acordou triste, silenciosa. A vida continuava, as ruas estavam cheias quand même. Entrei no escritório e o tão natural bonjour cantado “bonjooooour” deu lugar ao “salut” desanimado. As pessoas estavam de preto, um silêncio que incomodava aquela agência sempre tão agitada por risadas. Eu tinha lido no jornal que o país faria 1 minuto de silêncio ao meio dia, mas eu sou brasileira né? achei que era “caô”.

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Hello from de other side

Mais um sábado a noite em Paris. Lá fora não faz frio, os bares estão cheios e as ruas estão lotadas de gente de todo lugar. Por onde a gente anda, escuta um idioma diferente. Eu decido ir pro meu quarto, fechar a porta e olhar pro teto. O que deve ser mais maravilhoso que ter Paris lá fora? Olha ao redor, deixa esse celular de lado.

Se um dia você decide partir, poucas serão as pessoas que vão te convidar a ficar. Ninguém te impede de ir, você nunca quis permanecer. E aos poucos vai se apropriando de uma identidade que muitos chamam de liberdade. Aquela referência de desprendimento é você, de coragem, é você, de distância, você.

Mas aí você se da conta que não que ficar distante mas não quer deixar de ir. E se apoia em todas as formas de comunicação possíveis que em 2015 nós temos. Ninguém te entende porque você fica tão chateada por ter uma mensagem não respondida, nem por que te excluir do facebook significou tanto. Essa era eu, tentando ficar mas tentando ir, tentando ser duas, em dois mundos. Ninguém entende que agora o nosso elo tava ali… sendo lentamente deletado.

Mas eu não consigo te acompanhar, e acho que vc é muito independente pra ter alguém junto com você. Exemplificando da maneira mais besta possível, eu imagino você como um gato. Que pertence ao lugar, não a pessoa saca? Que faz o que ele quiser, se quiser sair de casa sai, se quiser ficar em casa fica, se quiser sumir por uns dias some. Acaba sempre voltando, mas a gente nunca sabe quanto tempo vai ficar.

Ninguém nunca conseguiu ver que a gente nunca foi, que a gente tava ali. Acompanhando cada passo compartilhado, registrado. Rindo e chorando junto… desejando um dia poder esta lá também ou quem sabe ter por aqui.  A gente se apega e não aprende a desapegar de coisas que tem raíz. E quando a raíz é cortada, a árvore cheia de galhos aparentemente independentes morrem junto com o tronco.

Tried to keep you close to me,
But life got in between
Tried to square not being there
But think that I should’ve been

Daí a liberdade te esfrega que você tem inúmeras opções que basta virar as costas e continuar caminhando, para longe. E você continua, sendo puxada pela mão, por ela, a liberdade. Olha pra trás a cada 3 minutos pra ter certeza que ninguém lá atrás te chama. Silêncio. Aos poucos a gente desiste de olhar pra trás e o solo árido não deixa nenhuma raíz crescer.

Então vamo lá liberdade, me ensina a sorrir porque é com essa desculpa que direi que estou bem.

Eu voltarei :)

Queria pedir perdão pela ausência, mas é que as vezes a gente precisa priorizar nas coisas entendiantes da vida como trabalhar e terminar um mestrado.

Sinto falta desse blog e das experiências que ele me traz! Mas prometo que a partir do dia 30/10 voltarei as atividades pois VOLTAREI A VIVER :D

Um beijo!

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